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sábado, 7 de julho de 2012

Ronaldo Cunha Lima morre na Paraíba.


O ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima morreu aos 76 anos neste sábado (7) na casa da família, em João Pessoa. Ele lutava contra um câncer no pulmão desde 2011. Desde a quinta à noite ele estava sob efeitos de sedativos e a família já dizia que a situação era irreversível.

Ronaldo Cunha Lima tem uma história política de quase 50 anos e, com dezenas de livros publicados, se orgulhava de ser conhecido como "Poeta".

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB), filho de Ronaldo, confirmou a morte do pai pelo Twitter. "Os Poetas não morrem! O Poeta Ronaldo Cunha Lima, após uma vida digna, descansou", disse Cássio.

Em julho de 2011, exames médicos diagnosticaram o câncer e durante cinco meses Ronaldo foi internado várias vezes para se tratar em São Paulo e em João Pessoa. A última internação foi em janeiro deste ano e, desde então, ele passava por acompanhamento médico na casa da família.

Ronaldo José da Cunha Lima nasceu na cidade de Guarabira, Brejo paraibano, em 18 de março de 1936. Formado em Ciências Jurídicas, ele era casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima e tinha quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima.


Carreira política

Sua história política teve como palco principal a cidade de Campina Grande. Aos 23 anos ingressou na vida pública quando foi eleito vereador. Foram quase 50 anos de carreira política até a renúncia do mandato de deputado federal em 2007, último cargo público que exerceu. Ronaldo deixou o senador Cássio Cunha Lima, seu filho, como principal sucessor na política

Ronaldo já assumiu cargos no legislativo e no executivo: foi deputado estadual por dois mandatos e em 1969 se elegeu prefeito de Campina Grande, mas teve seu mandato cassado pela ditadura militar. Em 1982 ele foi novamente eleito prefeito da cidade, pelo PMDB, e assumiu o cargo em 1983. 

No ano de 1990 foi eleito governador da Paraíba, cargo que deixou em 1994 para concorrer ao Senado Federal. Com problemas de saúde desde 1999, quando sofreu um acidente vascular cerebral, Ronaldo ainda ficou alguns na vida pública e deixou o cargo de deputado federal, quando exercia o segundo mandato.

A eleição de 1990 foi marcante na trajetória política de Ronaldo. Ele foi derrotado no primeiro turno por Wilson Braga, que já havia governado o estado, mas no segundo turno virou o jogo e venceu com uma diferença superior a 100 mil votos. Depois disso, ele se consolidou e consequiu se eleger deputado federal, em 2002, com 95 mil votos.


Polêmicas

Em função de um processo judicial por tentativa de homicídio contra seu adversário político Tarcísio Burity, Ronaldo renunciou, em 2007, à cadeira na Câmara Federal para escapar de julgamento no Supremo Tribunal Federal. Na época ele fez uma manobra para dispensar o foro privilegiado, na carta-renúncia ele diz que queria ”ser julgado como cidadão comum“. Leia a carta na íntegra.

O atentado contra Burity foi em 1993 e ficou conhecido como "Caso Gulliver", nome do restaurante onde aconteceu o crime. O então governador Ronaldo Cunha Lima deu três tiros no seu antecessor, supostamente motivado por críticas que este teria feito a Cássio Cunha Lima, que era superintendente da Sudene. Burity sobreviveu e morreu dez anos depois vítimas de complicações cardíacas.


O poeta

Conhecido como “Poeta”, Ronaldo Cunha Lima também fez carreira como escritor e teve sua trajetória no cenário cultural imortalizada quando assumiu a cadeira de número 14 na Academia Paraibana de Letras em 1994. “A paixão dele pela poesia surgiu quando ele era criança. Isto porque o avô já era um exímio soletrista”, disse o jornalista Nonato Guedes, autor do livro “A Fala do Poder - Discursos comentados de governadores da Paraíba”.

Uma de suas principais paixões de Ronaldo na Literatura era a poesia do também paraibano Augusto dos Anjos, tanto que em 1988 participou e venceu o programa Sem Limite, da Rede Manchete, que fazia perguntas sobre a vida e obra de Augusto dos Anjos. 

O presidente da APL lamenta o fato de Ronaldo Cunha Lima ter enveredado pelo ramo da política. “É uma pena que o fascínio da política tenha exercido grande poder sobre a vocação do poeta”, disse Gonzaga Rodrigues. 
http://surgiu.com.br

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