Milhares
de alunos foram diretamente afetados pela greve dos professores das Ufs, eles
reclamam por melhores condições de trabalho, uma melhor remuneração, uma
aposentadoria melhor entre outras coisas. Vejam logo abaixo um texto tirado do
site http://www.adufpb.org.br
A situação atual é produto desta
opção. Por isso se explica o abandono de uma política, não de valorização dos
salários, mas mesmo de sua recomposição. Se considerarmos os salários nominais
entre 1998 e 2011 de categorias do serviço público federal que exigem a mesma
formação e que se compõe de atividades similares, como por exemplo os
profissionais de Ciência e Tecnologia e os pesquisadores do IPEA, temos que em
1998 os professores universitários recebiam R$ 3.388,31, os pesquisadores do
IPEA R$ 3.128,20 e do MCT recebiam R$ 2.6632,36. Em 2011 a situação se inverte
de forma que os pesquisadores do IPEA ganham R$ 12.960,77, em segundo lugar os
profissionais do MCT com R$ 10.350,68, e os professores passaram para a última
posição com R$ 7.333,67, sendo a pior remuneração entre os funcionários
públicos com este nível de formação exigido.
Isso considerando a categoria
como um todo, pois as divisões as quais nos referíamos no interior da carreira
existente e que permanecem na proposta do governo, fazem com que os aumentos
oferecidos concentrem-se no alto da pirâmide e se diluam nas categorias
intermediárias e na base. O secretário de relações do trabalho do MPOG, Sérgio
Mendonça, por exemplo, alega que considerada no conjunto os professores tiveram
reposta a inflação do período relativo aos governo Lula e Dilma (cerca de 57,1
%). No entanto, considerando as diferenças, os extratos superiores da carreira,
como professores titulares e assistentes 3 e 4, tiveram em media seus salários
ajustados entorno de 15% acima da inflação, enquanto os adjuntos, faixa na qual
se encontra a maior parte dos professores inclusive os aposentados, amargam uma
defasagem que chega à 40% abaixo da inflação do período.
Agora vamos refletir um pouco, ganham mais de R$
7.000,00 por mês o que para eles é um salário baixo e injusto. Temos uma classe
de trabalhadores que recebe muito menos e trabalha muito mais que nossos ilustres
professores e recebem bem menos e não tem esse privilégio de entrarem em greve
para reivindicar melhores salários e melhores condições de trabalho, eles são
conhecidos por muitos como boias-frias ou simplesmente cortadores de cana,
vejam abaixo um texto que fala sobre o trabalho dos cortadores.
Muito da palestra de Erivelto de Laat abordou a questão do
meio ambiente do trabalho, especialmente no que se refere ao calor e às penosas
condições do trabalho (fuligem, poeira, animais peçonhentos, transporte), além
do esforço despendido na atividade. Segundo o pesquisador, que para fazer sua
pesquisa viveu uma semana entre os cortadores de cana na região de Piracicaba,
foram apurados dados sobre a atividade desses trabalhadores que ultrapassam
todos os limites humanos. Não é coincidência, por isso, que a vida útil dos
cortadores se assemelha a dos escravos, em torno de 12 anos de trabalho. A
pesquisa apurou os movimentos corporais dos cortadores e registrou resultados
alarmantes. Segundo Erivelto, um trabalhador que corta aproximadamente 10 a 13
toneladas/dia faz 3.080 flexões de coluna em um dia de trabalho, o que
representa 1/3 da sua jornada, e 3.498 golpes de podão (muitos deles o trabalhador
executa flexionado). A pesquisa registrou, em filmagem de 107 minutos, que um
determinado cortador realizou 1.209 flexões de coluna e 442 rotações lombares.
Dividindo-se o número de flexões da coluna pelo tempo de 107 minutos, “chega-se
à média de 11,29 flexões por minuto, ou ainda a 1,88 flexões a cada 10
segundos”. O estudo também incluiu a retirada de amostra de sangue total dos
trabalhadores, ao final da safra, para dosar Creatino Quinase na isoforma da
musculatura esquelética, proteína C reativa e ureia plasmática, como marcadores
bioquímicos de inflamação. Constatou-se que os trabalhadores “apresentaram
perdas significativas de gordura corporal e peso do início até a metade da
safra, sem recuperação até o final”. Porém, “todos ganharam massa magra e os de
ingresso mais antigo na atividade ganharam menos”. Foram encontrados “níveis
anormais de Creatino Quinase (75%) e Ureia (16,7%) entre os safristas”. Em
conclusão, o professor afirmou que se observa no sistema produtivo da cana uma
competição tão acirrada como a que acontece no esporte. Em sua analogia com a
maratona, tanto no corte da cana quanto nessa modalidade esportiva, cortadores
e competidores se assemelham “pela proximidade de percepções e pelos limites”.
Salário por produção A segunda palestra do dia, “O salário por produção”, foi
ministrada pela juíza Maria da Graça Bonança Barbosa, especialista em direito
civil e mestre em direito do trabalho pela Universidade de São Paulo. Ela
trouxe inúmeras informações da imprensa paulista e nacional sobre a produção de
etanol e sobre a atividade das usinas e dos cortadores de cana, todas do ano de
2007, quando o Brasil registrou um crescimento expressivo na produção de
álcool, paralelamente a um aumento no número de empregos com carteiras
assinadas. Apesar do positivo aspecto econômico, a palestrante salientou a
atividade dos cortadores de cana, semanalmente estampada na imprensa da época
com mortes durante o trabalho. A juíza afirmou que esse aspecto despertou sua
atenção. Toda a exposição se baseou no incômodo da própria palestrante quanto
ao fato de trabalhadores legalmente contratados perderem a vida durante o
serviço. Ela lembrou que, em todos os casos, não se comprovou o nexo causal com
a atividade desenvolvida. A juíza Maria da Graça enfatizou que dentre as causas
de morte, sempre as mesmas, registravam-se parada respiratória, infarto agudo
do miocárdio ou AVC. Apesar da oficial falta de nexo causal, a palestrante
ressaltou, com base em outros estudiosos do assunto, que as mortes tinham sim
relação com o trabalho. Para isso ela se referiu ao “karoshi”, termo japonês
que exprime “morte causada por arritmia cardíaca, infarto ou AVC”, para
explicar que as mortes podem estar relacionadas com o excesso de trabalho e com
o esforço extremo. Para a juíza Maria da Graça, algumas conclusões a respeito
da atividade dos cortadores de cana são inegáveis: o preço pela unidade é
baixo, cerca de R$ 2,50 por tonelada, o que dá ao cortador médio um ganho de R$
25 por dia. As metas de produção, ao contrário do se que prega, são fixadas
pela usina, que exige um mínimo dos trabalhadores, sob pena de rompimento do
contrato de trabalho e, pior, de não mais contratar o cortador para outras
safras. O controle da produção está sempre nas mãos do empregador, já que o
cortador de cana nunca tem clareza de quanto cortou e quanto foi pesado. Quanto
ao perfil dos trabalhadores, a prática demonstra que há preferência por homens,
negros ou pardos (mais fortes) e provenientes de outras regiões do País
Nossos professores reclamam de salários baixos enquanto eles
têm a oportunidade de serem produtivos até suas aposentadorias enquanto os
cortadores de cana tem vida útil de trabalho igual de um escravo 12 anos.
Agora lhes pergunto:
Quem ganha pouco?
Quem tem piores condições de trabalho?
Quem deveria ter motivos para entrar em greve?
Quem tem contratos de trabalho desfavoráveis?
Devemos parar de sermos egoístas e pensarmos mais um
pouco em quem realmente passa por maus bocados para sustentar uma família.
Senhores professores enquanto vocês ganham salários
muito maiores que a maioria da população do nosso país e ainda desejam mais,
tem pessoas que sustentam famílias inteiras muitas vezes com mais de Quatro (4)
pessoas com apenas um salário mínimo, que tal pensar como um ser racional e
sensato como vocês nos ensinam?
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