A área de pesquisa está localizada na Depressão Sub-Litorânea do Estado da Paraíba, na Mesorregião do Litoral Norte, na Unidade Geoambiental dos Tabuleiros Costeiros. Esta unidade acompanha o litoral de todo o nordeste, apresentando altitude média de 50 a 100 metros. Compreeende platôs de origem sedimentar, que apresentam grau de entalhamento variável, ora com vales estreiotos e encostas abruptas, ora abertos com encostas suaves e fundos com apças várzeas. De modo geral, os solos são profundos e de baixa fertilidade natural. Mamanguape está a 50 quilômetros da Capital João Pessoa (em linha reta 42 km). A área urbana está a 6° 35' 05" ao sul da Linha do Equador e a 35° 23' 50" oeste do Meridiano de Greenwich. Alem desta localização pelas coordenadas geográficas, pode-se citar a localização relativa, representadas pelos seguintes limites: á Norte limita-se com Nova Cruz - RN, à Leste com Jacaraú - PB; Sudeste com Lagoa de Dentro - PB; a Sul com Belém - PB e Serra da Raiz - PB; Oeste com Campo de Santana - PB e Nordeste com Logradouro - PB.
O município foi criado em 1839, sua data de Fundação é 25 de outubro de 1855. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,581, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano-PNUD.
Clima
O clima de Mamanguape está relacionando com a localização geográfica, ou seja, quanto mais próximo do litoral do estado, é mais úmido, quanto mais se distancia dele mais árido ele fica. Isto se deve pelo fato do planalto da Borborema interceptar as massas de ar úmidas que vem do oceano Atlântico. O clima é do tipo Tropical Chuvoso com verão seco. O período chuvoso começa no outono tendo inicio em fevereiro e término em outubro. A precipitação média é de 1,634,2 mm.
Nesse caso, como a área de pesquisa está situada no Agreste, entre a Zona da Mata e a Escarpa Oriental do Planalto, caracteriza-se por apresentar chuvas de outono e inverno e um período de estiagem de seis a sete meses. De acordo com Melo & Rodrigues (2003) e os dados da EMATER, o regime pluviométrico está na dependência da Massa Equatorial Atlântica, o índice é de 800 mm ao ano (característica de clima semi-úmido). A época chuvosa inicia-se no mês de Fevereiro ou Março, prolongando-se até Julho ou Agosto e se estende até Fevereiro. A temperatura media anual gira em torno dos 27° C. Amplitude térmica anual é muito pequena decorrente da baixa latitude, oscilando entre 5° a 6°C.
Vegetação
Segundo Costa (1990), Mamanguape foi coberta por uma vegetação densa com madeiras nobres, em grande quantidade e da melhor qualidade. Encontrava-se desde o excelente pau- brasil, aroeira, sucupira, baraúna cedro, etc.
O processo histórico de ocupação do espaço e conseqüente necessidade de uso do solo resultaram na vegetação da caatinga com espécies xerófilas e algumas da mata úmida. Atualmente a formação vegetal resume-se em uma cobertura de capoeira, constituída por
gramíneas rasteiras, por uma porção arbustiva e espinhenta e outra formada por plantas maiores.
Entre as espécies, as mais marcantes são o mandacaru, xiquexique, macambira, barriguda, mulungu, imburana, juazeiro (espécie arbórea testemunho da vegetação primitiva da região) e catingueira.
Solos
Os solos dessa unidade Geoambiental são representados pelos Latossolos e Podzólicos Plínticos e Podzás nas pequenas depressões nos tabuleiros; pelos Podzólicos Concrecionários em áreas dissecadas e encostas e Gleissolos e Solos Aluviais nas áreas de várzeas.
Hidrografia
O sistema hidrográfico da área apresenta característica predominante de cursos regulares.
Dois principais rios da Paraíba entrecortam o município, o Curimataú e o Camaratuba, (Costa, 1990).
Os principais tributários são: os rios Mamanguape, da Volta da Pitanga, Tiriri, do Barro Branco, do Forno e Seco, além de riachos: Boa Vista, Valentim, da Palmeira, do Calumbi, Cajazeiras, Água Fria, Água Vermelha, do Cambado, Caiana, laranjeiras, junco, Mendonça, pitombeira, Santa Cruz, Sertãozinho, da Pedra, e Cascata. Os principais corpos de acumulação são o açude Catolé, lagoa Salgada e Carapucema.
Todos os cursos d^água têm regime de fluxo perene e padrão de drenagem é do tipo dentríticos.
Outros pequenos cursos fluviais são destaques como o riacho Pedro, o Meio o Dantas, o Massaranduba, o Luis, o Imburana, ambos afluentes do Curimataú, e o Picada, o Pitombas, o Pirari e o Canafístula deságuam no Camaratuba.
Práticas agrícolas na área O município de Mamanguape sempre teve forte vocação para agricultura. Já foi um dos maiores produtores de abacaxi e cana-de- açúcar da Paraíba nos idos dos anos 60 no
período do "MILAGRE BRASILEIRO". Muitos outros produtores se destacaram no decorrer da historia. Hoje a produção já não é tão expressiva, devido ao êxodo rural. Processo que vem se repetindo anualmente. Entres os principais motivos está o empobrecimento gradativo do solo causado por praticas inadequadas dos próprios camponeses.
É comum ver encostas cobertas por plantações. Áreas planas reservadas exclusivamente á pecuária. Intensas manadas ocupando uma gleba pequena. Fileiras de plantas no sentido morro abaixo obedecendo à maior declividade do terreno. A freqüente remoção de ervas daninha. Máquinas operando sem nenhum cuidado com a perda de solo. Eliminação da vegetação usando o fogo. É natural também utilizar a lenha e o carvão como fonte de energia nas pequenas indústrias e nas residências.
Modalidades de degração do solo no municipio
Desmatamento - A utilização da lenha como fonte de energia ainda é marcante no município, seja diretamente na queima dos fornos das casas de farinhas, padarias e nas residências seja após a fabricação do carvão. No período de estiagem o desmatamento aumenta, pois é nesse período que se inicia a derrubada da vegetação para o plantio.
A vegetação exerce um papel fundamental na regulação das nascentes e no controle da erosão. Quando ela é eliminada o solo fica exposto ao sol. A intensa insolação aumenta a temperatura superficial do solo, matando grande parte dos microrganismos úteis, alem de provocar a dissecação do mesmo sem a proteção vegetal, as gotas das chuvas atingem diretamente o solo desagregando-o e compactando-o. Nesse caso, a perda por erosão, tanto por ravinamento e voçoroca, é intensificada.
Queimadas - Como avia de regra, toda área depois da retirada da vegetação é queimada. A ação do fogo além de empobrece a cobertura vegetal da área, queima a camada superficial composta de organismos mortos que deveria gerar futuro húmus, e também mata grande parte da microfauna e microflora presente.
A prática da limpeza do terreno em espaço desfavorável deixa o solo vulnerável aos agentes intempéricos (erosão eólica e ao escoamento das águas). Práticas essa utlizadas pelas Usinas de Álcool e Açúcar instaladas no município e nos arredores do mesmo, como por exemplo: Usina Miriri, Monte Alegre, Japungú, Agicam, etc.
Preparo do solo para o plantio - As práticas antigas de preparar a terra ainda são bastante utilizadas. Não é exagerado afirmar que as formas como são preparadas as terras tem objetivos de escoar a água e não de conservá-lo. Isto é claramente comprovado, quando se observa as encostas plantadas morro abaixo seguindo a linha de maior declividade e/ou lerões "cavados" acompanhando o declive do terreno. Desse modo, o movimento lateral da água, favorece a lavagem do solo, a formação de sulcos e ravinas.
Estes processos são facilitados com as técnicas utilizadas para a preparação do solo. Primeiro, passe-se o arado em todas as direções, valorizando sempre o sentido morro abaixo. Nas laterais por onde passa esse instrumento mecânico formam-se sulcos estreitos, rasos e longos, onde as águas escoam carregando o solo solto, chegando a formar, em alguns casos, voçorocas de vários metros. Depois, com instrumentos de tração animal, prepara-se a área para semear, utilizando o método tradicional.
Excesso de Pastoreio - Geralmente depois da colheita dá-se, primeiramente, o descanso da terra com a brotação de animais. Quando os animais são muitos numerosos, provocam um acentuado desnudamento do solo, retirando mais do que a brotação. É um problema observado também nas áreas reservadas para pastagem. Isto é grave porque a vegetação só vai ser constituída período das chuvas, ficando expostos aos intensos raios solares.
Processo erosivo
A perda de matérias do solo, ocasionada, principalmente, pela água e pelo vento, pode começar logo depois dos primeiros centímetros da sua formação. A ação conjunta desses fenômenos constitui o que é chamado de erosão.
Bertoni e Lombardi Neto (1999) conceituam erosão como o processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo causado pela água e pelo vento. De acordo com a intensidade de atuação dos agentes erosivos, a erosão pode ser geológica (natural) ou acelerada (condicionada pelas ações antrópicas na natureza) (Dorst, 1974).
A erosão é influenciada por vários fatores, tais como: as características das chuvas, a velocidade de infiltração, a declividade e o comprimento do declive do terreno, a resistência que exerce o solo à ação erosiva e a cobertura vegetal.
Diante do exposto aqui, as conclusões preliminares são que os solos do município de Mamanguape encontram-se bastante erodidos, decorrente do seu manejo inadequado. Nesse sentido, há um esforço crescente para aumentar as produções, que vem decaindo nas ultimas décadas. Isso se reflete num solo cada vez mais empobrecido e numa vegetação rasteira de capoeira que já não dá sustentabilidade ao mesmo. Segundo Oliveira et al. (1990 apud Silva et al.,1999) Os sistemas de preparo que reduzem o número de operações com implementos de discos provocam menor pulverização do solo superficialmente, reduzem a formação de camadas compactadas e aumentam a capacidade de infiltração e a quantidade de água armazenada no solo. Com o enfraquecimento de cobertura vegetal, a camada de húmus torna-se menos espessa e, muitas vezes, são transportadas com facilidade pela água. Este é um problema que não estão ao alcance dos olhos pequenos agricultores e constitui um dos principais motivos das fracas produções. Para atingir tal mudança, há pelo menos três condições necessárias e inseparáveis: (a) reabilitação do solo na cultura popular com base na educação convencional e popular; (b) legislação a partir da consideração de que o solo é um recurso natural essencial para a vida, de renovação muito lenta, cuja necessidade de preservação é inquestionável; (c) inclusão do solo ao patrimônio natural e cultural da humanidade, cuja preservação exige a solidariedade humana (Muggler et al., 2006).